terça-feira, 18 de agosto de 2015

Tratamento e técnica de limpeza

TRATAMENTO

                                                      . Limpeza


 Segundo o dicionário da língua portuguesa, limpeza é o ato de tirar sujidades. Logo, limpeza das ferida, é
a remoção do tecido necrótico, da matéria estranha, do excesso de exsudato, dos resíduos de agentes tópicos e
dos microrganismos existentes nas feridas objetivando a promoção e preservação do tecido de granulação.
A técnica de limpeza ideal para a ferida é aquela que respeita o tecido de granulação, preserva o potencial
de recuperação, minimiza o risco de trauma e/ou infecção.
A melhor técnica de limpeza do leito da ferida é a irrigação com jatos de soro fisiológico a 0,9% morno.
Não havendo disponibilidade de equipamento adequado para aquecimento (microondas) e controle da
temperatura do frasco do soro fisiológico, utilizá-lo em temperatura ambiente.


ferida aguda

Limpeza exaustiva que visa a retirada de sujidades e microrganismos existentes no leito da lesão. É permitido neste caso o uso de soluções antisépticas.

 Ferida crônica

Limpeza que visa a retirada de debris, excesso de exsudato, resíduo de agentes tópicos e microrganismos existentes no leito da lesão, além de preservar o tecido de granulação. Utiliza-se para tal, somente o soro fisiológico 0,9% morno, em jato (força hidráulica), independente de apresentar
infecção ou não.

 Desbridamento

Remoção de material estranho ou desvitalizado de tecido de lesão traumática, infectado ou não, ou adjacente a esta, até expor-se tecido saudável circundante.

 Mecânico - por ação física

. Fricção   Esfregar a gaze ou esponja embebida com solução salina no leito da lesão em um único sentido.
Indicação: lesões agudas com sujidade;
Contra-indicação: lesão crônica.

 Com instrumental cortante

Retirar o tecido necrótico utilizando instrumentos cortantes (lâminas e/ou tesoura).

Indicação:   lesões que comprometem até o tecido subcutâneo -profunda superficial ou úlceras de pressão de estágio 3.

Contra-indicação: úlceras isquêmicas e aquelas sem possibilidade de cicatrização, úlceras fúngicas e neoplásicas, distúrbios de coagulação, com exposição de tendão ou com pacientes em terapia anti-coagulante.




                               Procedimento

Material necessário:
- pacote contendo pinça hemostática reta, anatômica e de dissecção, tesoura delicada reta, com ponta (Iris)
- lâmina de bisturi e cabo correspondente
- pacotes de compressas estéreis
- luvas cirúrgicas
- equipamento de proteção individual (óculos, capote, gorro e máscara)
- soro fisiológico a 0,9% e anti-séptico (para uso periferida)
Locais indicados para realização da técnica:
- sala de curativos
- ambulatórios
- à beira do leito
O ambiente deve ser privativo, limpo, com luminosidade adequada, tranqüilo e confortável,
tanto para o paciente quanto para o profissional.

                                                Técnica
Necrose coagulativa (ex.: escara)

- Pinçar o tecido necrótico na borda, com a pinça de dissecção;
- Dissecar o tecido necrótico em finas lâminas, em um único sentido, utilizando a lâmina de bisturi;
- No caso de tecido intensamente aderido ou profissionais com pouca habilidade, recomenda-se a delimitação do tecido necrótico em pequenos quadrados, utilizando-se a lâmina de bisturi e procedendo o desbridamento;
- Interromper o procedimento antes do aparecimento do tecido viável, em caso de sangramento, queixa de dor, cansaço (do cliente/paciente ou do profissional), tempo prolongado e insegurança do profissional.

Necrose liqüefeita (amolecida)
- Pinçar o tecido necrótico com pinça de dissecção e cortar com atesoura;
Interromper o procedimento antes do aparecimento do tecido viável em caso de sangramento, queixa de dor, cansaço (do cliente/paciente ou do profissional), tempo prolongado e insegurança do profissional.

Autolítico
Por autólise, ou seja, auto degradação do tecido necrótico sob ação das enzimas lisossomais,
liberadas por macrófagos.
Indicação: feridas com tecido necrótico, ressaltando-se que, em casos de escaras, este processo pode ser prolongado. Entende-se por escara o tecido necrótico aderido ao leito da lesão de consistência dura, seco e petrificado, geralmente de cor escura.

Contra-indicação: úlceras isquêmicas e fúngicas
.
                                    Procedimento

Material necessário:
- Soro fisiológico 0,9%
Coberturas que garantam um ambiente propício à autólise, ou seja, um ambiente com umidade
fisiológica, temperatura em torno de 37oC, mantendo-se a impermeabilidade ou oclusão da
ferida, propiciando a hipóxia no leito da mesma.

                                             Técnica

- Limpeza do leito da ferida com soro fisiológico 0,9% morno, em jato.
- Secar pele íntegra, periferida e aplicar a cobertura indicada. Químico
Por ação de enzimas proteolíticas, que removem o tecido desvitalizado através da degradação
do colágeno.
Indicagão: feridas com tecido necrótico, independente da sua característica.
Contra-indicação:
- Úlceras isquêmicas, fúngicas e neoplásicas;
- Pacientes com distúrbios de coagulação.

                                             Procedimento

Material necessário:
- Soro fisiológico 0,9%
- Medicamentos tópicos à base de enzimas proteolíticas tais como, papaína e colagenase.

                                                  Técnica

- Limpeza do leito da ferida com soro fisiológico 0,9%, morno, em jato;
- Secar pele íntegra periferida, aplicar fina camada do produto indicado sobre o leito da lesão;
- Ocluir a lesão.

                                                 Coberturas

As coberturas a serem indicadas devem garantir os princípios de manutenção da temperatura no leito da lesão
em torno de 37oC, de manutenção da umidade fisiológica e de promoção de hipóxia no leito da mesma. Além
disso, a cobertura deve apresentar as seguintes características:
- preencher espaço morto;
- ser impermeável a microrganismos e outros fluidos;
- propiciar hemostasia;
- ser de fácil aplicação e remoção, evitando trauma no leito da lesão;
- ser confortável e esteticamente aceito;
- absorver excesso de exsudato;
- reduzir a dor e o odor.

 COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM NAPREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS LESÕES
. Enfermeiro
1. Realizar a consulta de enfermagem: exame clínico (entrevista e exame físico) do cliente/paciente portador de lesão ou daquele que corre risco de desenvolvê-la.
2. Prescrever e orientar o tratamento.
3. Solicitar exames laboratoriais e de Raios X quando necessários.
4. Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura).
5. Realizar o desbridamento quando necessário.

2. Técnico e Auxiliar de Enfermagem.
2.1. Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura), prescrito pelo Enfermeiro.
2.2. Realizar o desbridamento autolítico e químico prescrito pelo Enfermeiro.
Protocolo de Assistência para Portadores de Ferida
SMSA/PBH
44
Parágrafo Único: O tratamento das diversas lesões deve ser prescrito pelo Enfermeiro,
preferencialmente pelo especialista na área.
Observações:
A prescrição de medicamentos e solicitação dos exames laboratoriais e de Raios X, quando realizadas,
deverão ocorrer conforme protocolo da instituição.
8.7.2. Resolução COFEN - 159
Dispõe sobre a consulta de Enfermagem
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), no uso de sua competência, tendo em vista as deliberações do
Plenário em sua 214a Reunião Ordinária,
Considerando o caráter disciplinador e fiscalizatório do COFEN e dos Regionais sobre o exercício das
atividades nos serviços de Enfermagem do País;
Considerando que a partir da década de 60 vem sendo incorporada gradativamente em instituições de
saúde pública a consulta de Enfermagem, como uma atividade fim;
Considerando o Art. 11, inciso I, alínea "i" da Lei no 7.498, de 25 de junho de 1986, e no Decreto
94.406/87, que a regulamenta, onde legitima a Consulta de Enfermagem e determina como sendo uma
atividade privativa do enfermeiro;
Considerando os trabalhos já realizados pelo COFEN sobre o assunto, contidos no PAD-COFEN no 18/88;

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