segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pé diabético

O pé diabético é uma das mais graves e onerosas complicações do diabetes mellitus. A amputação de uma

extremidade inferior ou parte dela é geralmente uma conseqüência de uma úlcera no pé. Uma estratégia que inclua
prevenção, educação dos pacientes e dos profissionais de saúde, tratamento multidisciplinar das úlceras do pés e sua rígida
monitoração
pode reduzir as taxas de amputação entre 49 a 85%.

A) Inspeção regular e exame do pé em risco
Todos os pacientes devem ser examinados pelo menos uma vez ao ano para detectar potenciais problemas
no pé. Pacientes com fatores de risco comprovados devem ser examinados mais freqüentemente no intervalo de um a seis
meses. A ausência de sintomas não significa que os pés sejam saudáveis, pois os pacientes podem ter neuropatia, doença
vascular periférica ou mesmo uma úlcera sem quaisquer queixas. Os pés devem ser examinados com o paciente deitado e
em pé; os calçados e as meias também devem ser examinados.
História: úlcera e ou amputação prévias, educação terapêutica prévia, isolamento social, falta de acesso
ao sistema de saúde, caminhar descalço.
Neuropatia: sintomas: dor, formigamento, perda de sensibilidade
Condição vascular: claudicação, dor em repouso, pulsação nos pés, palidez à elevação e rubor postural.
Pele: coloração, temperatura, edema, patologia ungueal (unhas encravadas), cortes errados das unhas, úlcera, calos, anidrose, rachaduras, maceração interdigital.Osso, articulação: deformidades (dedos em garra, em martelo ou proeminências ósseas), perda de mobilidade (hálux rígido).
Calçados e meias: avaliação do interior e exterior do calçado e do tipo de tecido e confecção da meia.

B) Identificação do pé em risco Sistema de classificação do risco

Categoria
   Risco   
          0
Neuropatia ausente
          1
Neuropatia presente
          2
Neuropatia presente, sinais de doença vascular
           3
periférica e/ou deformidades nos pés
         
Amputação/úlcera prévia
Freqüência de avaliação
Uma vez ao ano
Uma vez a cada 6 meses
Uma vez a cada 3 meses
Uma vez entre 1 a 3 meses

C) Educação do paciente, da família e dos profissionais de saúde
Para o paciente, objetiva incentivar a motivação e a habilidade para os auto-cuidados e a capacidade para
reconhecer potenciais problemas e capacidade para agir diante deles. Enquanto para os profissionais, a instrução periódica
visa a melhorar o cuidado com os pacientes de risco.
Itens de instrução para pacientes
- Inspecionar diariamente os pés, inclusive as áreas entre os dedos, se necessário usar espelho ou pedir
auxílio a outra pessoa;
- Higienizar diariamente os pés
- Avaliar a temperatura da água antes de usá-la que não deve ultrapassar a 37o C;
- Usar sabão de glicerina;
- Escolher esponja macia para o dorso dos pés e áspera para a planta dos pés;
- Limpar entre os dedos;
- Enxaguar para remover todo resíduo de sabão;
- Secar os pés sem fricção, principalmente entre os dedos;
- Não deixar os pés de molho;
- Hidratar a pele dos pés e pernas e não aplicar creme ou óleo entre os dedos;
- Massagear os pés (dos dedos para a perna, exceto com varizes);

- Remover calosidades (somente com lixa d’água);
- Cortar e lixar reto as unhas sem aprofundar nos cantos e deixá-las aparadas. Não tentar cortá-las se a
visão estiver deficiente;
- Usar somente tesoura ou cortador para o corte das unhas e não remover cutículas;
- Não usar esmalte leitoso e escuro;
- Usar meias de algodão e não-apertadas. Nunca usar meias de nylon (apertam e retêm umidade);
- Não cruzar as pernas ou ficar na mesma posição por muito tempo;
- Se o peso da coberta causar dor ou incomodo, colocar um travesseiro ou almofada embaixo da coberta,
entre os pés e o guarda-cama ;
- Não usar bolsa de água quente ou aquecedor para aquecer os pés;
- Reduzir o peso corporal e adotar uma boa hidratação oral;Sistema
Único de
Saúde



Protocolo de Assistência para Portadores de Ferida
SMSA/PBH

Proteger os pés de pernilongos e de Tunga penetrans;
Redobrar cuidados com a parte que restou de uma amputação e com o outro pé;
Evitar fumo e álcool;
Providenciar avaliação regular dos pés com a equipe de saúde e sempre que notar qualquer alteração nos
pés (lesão, bolhas, calos, diferença de temperatura, dormência, micoses, doenças das unhas, “bicho-de-pé” etc.).
Calçados:
Evitar calçados inadequados (couro duro, com muitas costuras, sintéticos, bico fino, abertos, fáceis de sair
dos pés, com solados muito finos, deformados ou furados);
Não existe calçado perfeito. O melhor é aquele que se adapta a cada pessoa;
O ideal é que sejam de pano ou de couro macio, com forro e poucas costuras, fechados com cadarços, de
bico largo, arredondado e de boa altura, salto baixo, com apoio nos calcanhares e de solados anti-
derrapantes;
Comprar calçados no período da tarde do dia, com um número a mais e iniciar seu uso progressivamente;
Inspecionar e apalpar diariamente a parte interna dos calçados antes de usá-los, verificando se há pedras,
pregos, deformação nas planilhas ou qualquer coisa que possa ferir os pés;
Somente usar as palmilhas sob medida;
Não andar descalço;
O calçado adequado têm que estar adaptados às deformidades e às alterações biomecânicas são essenciais
à prevenção.
D) Tratamento da patologia não-ulcerativa

Nenhuma lesão deve ser desconsiderada no pé diabético. Os calos, patologias nas unhas e na pele devem
ser tratados adequadamente.

Screening do pé diabético :

identificação dos pacientes de maior risco.

pobre controle metabólico (glicohemoglobina maior que 10)
maior duração do diabetes
– mais de 10 anos do tipo I e qualquer tempo do tipo 2
problemas prévios com os pés: deformidades congênitas ou adquiridas
doença vascular periférica
limitação da mobilidade articular (LMA) com sinal da prece positivo
retinopatia ou nefrapatia diabética
obesidade e/ou dislipidimia
consumo de álcool
senilidade (maior de 60 anos)
- escolaridade e/ou renda baixa.

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